17 de jan. de 2012

Futebol e Política

Em todo o mundo é comum a relação entre determinados clubes ou torcidas de futebol e certas ideologias políticas, na Itália temos os comunistas do Livorno e os fascistas da Lazio, na Espanha os socialistas do Rayo Vallecano, os franquistas do Real Madrid e os separatistas bascos do Athletic Bilbao, temos times ligados à esquerda libertária entre os alemães que apóiam o St Pauli e entre ingleses da torcida do West Ham. O maior clássico mundo, Celtic e Rangers da Escócia, além do conflito entre católicos e protestantes também carrega a marca das disputas entre esquerda e direita. O ódio racial da torcida do Estrela Vermelha serviu de base para a organização paramilitar que na Guerra da Bósnia comandaria o massacre étnico contra muçulmanos.
Os exemplos, enfim, são muitos e diversos; na Argentina essa ligação entre política e futebol também é grande e por conta da origem operária dos clubes quase todas as torcidas se identificam como de esquerda e a maioria delas cerram fileiras com o peronismo, um movimento que representa uma esquerda nacionalista e populista, defensora um Estado intervencionista aliado aos interesses dos trabalhadores urbanos. Baseado nas idéias e práticas de Juan Domingo Perón, um político que presidiu a Argentina entre 1946 e 1955 e, posteriormente, entre 1973 e 1974, o peronismo aceita o Estado centralizador e autoritário como forma de garantir um governo assistencialista aliado a sindicatos operários que age como pai dos pobres. 

Imagens de Perón e Evita na torcida do River Plate

Durante a ditadura militar, as arquibancadas foram um dos poucos locais de onde se podia ver algum tipo de oposição ou contestação ao regime. É famoso o episódio ocorrido em 1981 quando dezenas de torcedores do Nueva Chicago são presos pela polícia por cantarem na arquibancada a Marcha Peronista. Cantos políticos e reivindicações populares sempre foram comuns nos estádios argentinos e durante a ditadura alguns grupos de esquerda, como a guerrilha montonera, buscaram se aliar às barras na luta contra os militares, o que levou a uma violenta repressão e à morte de vários torcedores pelas forças armadas. Diversas denúncias dão conta que várias das mortes supostamente ocorridas em conflitos entre torcidas na verdade forma crimes políticos cometidos pelo governo militar.